segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Dólar atinge maior patamar desde 2008 e Bolsa despenca com chances de Dilma 'trambique' continuar presidente. Petrobras derreta

Ana Paula Ribeiro - O Globo

Investidores reagem à melhora de Dilma nas pesquisas; Petrobras recua quase 9%. 

Os investidores reagem de forma negativa à maior possibilidade de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), o que faz com que o dólar suba e a Bolsa tenha forte queda. Junto a isso, o cenário internacional apresenta deterioração, o que contribui para a valorização da moeda americana nas economias emergentes.

Às 14h33m, o Ibovespa, principal indicador do mercado acionário brasileiro, operava em queda de 3,91%, aos 54.974 pontos — na mínima chegou aos 54.124 pontos. Já o dólar comercial registrava alta de 1,32%, a R$ 2,4460 na compra e a R$ 2,4480 na venda, esse é o maior patamar desde o fim de 2008 — em 9 de dezembro, a moeda americana fechou a R$ 2,471. Na máxima, a divisa já atingiu R$ 2,48 no início dos negócios, mas na sequência cedeu um pouco.

— O mercado hoje reflete o quadro eleitoral. Quando a Dilma sobe, a Bolsa desmonta e o câmbio sobe firme — afirmou João Medeiros, diretor da Pionner Corretora de Câmbio.
Em geral, a maior parte do mercado financeiro é contrário à reeleição de Dilma, por entender que o seu governo é muito intervencionista e que a vitória da oposição poderia ser favorável a medidas que visem o crescimento da economia.

Na avaliação do sócio-diretor da Tática Asset Management, Ernesto Rahmani, esse movimento já era esperado e reflete a última pesquisa Datafolha, divulgada na sexta-feira à noite, que mostrou o aumento da vantagem de Dilma sobre a candidata Marina Silva (PSB) nas intenções de voto para o segundo turno e também uma melhora no levantamento que avaliou o segundo turno.

Segundo dados compilados pela Bloomberg, o real é a moeda que apresenta a maior desvalorização frente ao dólar. No entanto, de uma cesta com 24 moedas de países emergentes, apenas seis tem vantagem em relação ao dólar. O esperado aumento da taxa de juros nos Estados Unidos e o fraco crescimento da economia Europeia contribuem para esse cenário.— Aparentemente o mercado está desembarcando do cenário de uma vitória de Marina Silva. Além do cenário eleitoral, o ambiente internacional está menos favorável. Há um movimento global de fortalecimento do dólar, mas aqui é mais intenso por causa das eleições — disse.

Rahmani lembrou ainda que, além do cenário de valorização do dólar, há outras incertezas, como os protestos em Hong Kong por maior democracia, o que gerou enfrentamentos com a polícia. A situação geopolítica no Oriente Médio e a desaceleração da economia chinesa são outros fatores que preocupam os investidores.

Já no mercado de juros, a perspectiva de uma reeleição de Dilma eleva as taxas. Os contratos de DI com vencimento em janeiro de 2015 subiram de 11,13% ao ano para 11,19% ao ano.

PETROBRAS DERRETE

Nesse cenário, as ações mais atingidas são a da Petrobras. Os papéis preferenciais (sem direito a voto) caem 9,26% e os ordinários (com direito a voto) recuam 8,82%. Os papéis de outras estatais também são atingidos. As ações sem direito a voto da Eletrobras recuam 3,69% e as com têm queda de 4,50%. Já no caso do Banco do Brasil, a desvalorização é de 6,67%. Outros bancos também têm forte queda, sendo que Itaú Unibanco cai 6,18% e Bradesco cai 6,61%.

As ações da Vale também operam em queda, após a tonelada do minério de ferro, seu principal produto, ter atingido US$ 77,97 na China, segundo dados da Bloomberg. Os papéis preferenciais da mineradora caem 1,05% e os ordinários recuam 0,63%.

A BM&FBovespa mostrou que no mês até o dia 24 de setembro, o salto positivo de investidores na Bolsa era de R$ 3,965 bilhões, acima dos R$ 1,918 bilhão registrados em agosto. No ano, o montante já está próximo aos R$ 22 bilhões, já acima do recorde de 2009. O cenário de forte volatilidade causado pelas eleições têm atraído investidores, assim como o excesso de liquidez global, enquanto os juros no exterior ainda estão em patamares baixos.

No exterior o pregão também é de queda. O índice DAX, de Frankfurt, fechou em queda de 0,71%. Já o CAC 40, da Bolsa de Paris, caiu 0,83% e o FTSE 100, de Londres, teve desvalorização de 0,10%. Nos Estados Unidos, Dow Jones tem queda de 0,33% e o Nasdaq tem leve recuo de 0,18%.