terça-feira, 30 de setembro de 2014

Negra, nordestina e em Harvard? Meritocracia!

Blog Rodrigo Constantino - Veja


Fonte: A Tarde
Às vezes focamos apenas nas coisas ruins. Faz parte do papel da imprensa, e há tanta coisa errada com esse país que assunto é o que não falta. Mas é importante de vez em quando falar de coisas boas. E essa notícia que um leitor que mandou merece destaque, sem dúvida, pois demonstra a importância da meritocracia, do esforço individual na vida de cada um:
“Eu já quebrei paradigmas, pois sou negra, nordestina e de uma cidade do interior. Mesmo assim consegui ficar entre os finalistas desse concurso fora do meu país. Para mim, já é uma vitória”. A frase é da jovem de Feira de Santana (a 109 km da capital) Geórgia Gabriela da Silva Sampaio, 18, que participa de um concurso da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, junto com estudantes do mundo todo.
Foram 40 trabalhos inscritos,  16 do Brasil, sendo o dela o único da Bahia. Uma votação na internet escolheu os 15 melhores trabalhos como finalistas, o de Geórgia foi o quinto mais votado. “Foi difícil chegar até aqui, pois os trabalhos podem ser feitos em grupo ou individualmente. Estou concorrendo com alguns grupos e isso não deixa de ser um ponto a menos para mim, que estou sozinha. Mas creio que chego lá”, diz a estudante.
Geórgia sonha  cursar engenharia em uma universidade no exterior. O trabalho selecionado para o concurso é a criação de um kit para diagnosticar de forma rápida e barata a endometriose, doença que atinge nada menos que seis milhões de mulheres no Brasil e 170 milhões no mundo. A ideia surgiu com a experiência obtida com uma tia, que passou pelo problema.
De família humilde, a estudante conta que desenvolveu o trabalho pensando nas pessoas com menor poder aquisitivo. Dessa forma, investiu num kit que pudesse ser barato e acessível aos serviços públicos.
Parabéns, Geórgia! Que seu caso sirva de exemplo para milhões de outros brasileiros. É possível lutar para melhorar de vida por conta própria, sem depender de esmolas estatais, sem apelar para cotas raciais. Ninguém chega em Harvard só pela cor da pele ou porque é nordestina e apela à vitimização. Lá não tem essa: é preciso demonstrar capacidade. E ao que tudo indica você tem demonstrado justamente isso, inclusive com visão empreendedora, ao criar um kit de diagnóstico mais barato para uma doença.
Não espere apoio de ONGs como a Educafro, do Frei David Santos, pois o movimento racial não quer saber de negros bem-sucedidos por mérito pessoal. Ao contrário: isso depõe contra sua agenda política coletivista, que depende da visão de oprimidos incapazes dos negros para sobreviver, vendendo amuletos e privilégios.
Sei que sua vida não deve ter sido fácil, mais pelas limitações financeiras do que pela cor da pele, já que o Brasil pode ser um país com racismo, não é um país racista. Ainda assim você tem provado que é possível dar a volta por cima, apesar de tudo, a despeito de todas as barreiras que o próprio governo muitas vezes cria.
Siga em frente que você vai longe. Harvard te aguarda, e se não ela, outra tão boa quanto. Os Estados Unidos ainda são um país que valoriza o mérito individual. Aproveite essa oportunidade!