sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Antonio Carlos Vieira da Silva Júnior e André Gustavo Vieira da Silva - Os elos do operador de Bendine e ex-presidente do Banco Popular

Ricardo Brandt e Julia Affonso - O Estado de São Paulo



Dono da Arcos, que cuidou de recebimento de

R$ 3 milhões para ex-presidente da Petrobras 

e do Banco do Brasil, fazia depósitos para Ivan

 Guimarães, indicado por Delúbio no governo Lula



A Operação Lava Jato encontrou elos entre o operador do recebimento de R$ 3 milhões de propinas da Odebrecht para o ex-presidente da Petrobrás e do Banco do Brasil Aldemir Bendine – preso desde 27 de julho, alvo da 42ª fase – e o ex-presidente do Banco Popular Ivan Gonçalves Ribeiro Guimarães, durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva.

Documento

Nas buscas que a Polícia Federal fez em março de 2016, em endereços dos donos da Arcos, os irmãos Antonio Carlos Vieira da Silva Júnior e André Gustavo Vieira da Silva, encontrou em um arquivo de computador o registro de orientações para que um suposto funcionário fizesse depósitos em dinheiro “somente no caisa ou em máquina”.

O Ministério Público Federal chegou a produzir um relatório de informação sobre as operações financeiras em espécie dos donos da Arcos, anexado ao pedido de prisão dos dois, na Operação Cobra.
“Daniel / Relação de depósitos na boca do caixa: / Depositante: o próprio / Não fazer por transferência em hipótese alguma: / Apenas depósito em dinheiro no CAIXA ou máquina”, orienta documento assinado por Antonio Carlos, sem data.
Na lista há um valor de R$ 12.745,04 para “Ivan Guimarães”, com uma conta bancária associada, e outros R$ 25 mil para a Quanta Consultoria e Participações S.A., com conta no mesmo banco e agência usada pelo ex-presidente do Banco Popular.
Relatório da PF, que analisou o documento apreendido durante a 23ª fase da Lava Jato, deflagrada em fevereiro de 2016, consta que a empresa tem como administrador Ivan Guimarães.
No documento há o nome de duas outras empresas: a Giga Telecom Comércio e Manutenção em Telefonia, que não tem valor associado à ela, apenas a conta, e a KR Consultoria, suposta recebedora de R$ 25 mil. Ambas com sede em Belo Horizonte (MG).
“Verifica-se que Ivan teria recebido valores em conta tanto como pessoa física quanto como pessoa jurídica (Quanta)”, informa o Relatório de Polícia Judiciária 334/2016, do extinto Grupo de Trabalho da PF para a Lava Jato, em Curitiba.
Ivan Guimarães não é figura desconhecido dos escândalos de corrupção nos governos do PT. No mensalão ele chegou a ser citado pelo operador do esquema Marcos Valério – que acaba de fechar delação premiada – como um dos criados do esquema de desvios, junto com Henirque Pizzolato, dos contratos de publicidade do Banco do Brasil. A agência mineira DNA, ligada a Valério, foi uma das beneficiadas.
 No relatório da PF, é destacado o elo de Ivan Guimarães com o mensalão e sua indicação política no cargo, atribuída ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. “Ivan foi presidente do Banco Popular, vinculado ao Bando do Brasil, durante o governo Lula.”
O documento policial registra que Guimarães prestou depoimento na CPI dos Correios, pois foi durante sua presidência no Banco Rural, que a DNA foi contratada por R$ 25 milhões.
Seu nome foi citado também na delação do dono da UTC, Ricardo Pessoa. Ele contou que Guimarães atuou no repasse de dinheiro acertado com o PT para a campanha de Hélio Costa (PMDB) e Patrus Ananias (PT) ao governo de Minas, em 2010.
Cobra. André Gustavo foi quem cobrou os R$ 3 milhões da Odebrecht e combinou a entrega em um apartamento, em São Paulo. O imóvel era alugado por Antonio Carlos, que foi quem ordenou que um taxista de sua confiança fosse ao local receber a propina da empresa.
Foram três visitas. Em cada uma delas, os entregadores de dinheiro da Odebrecht levaram R$ 1 milhão em dinheiro vivo, dentro de sacos plásticos, que eram recebidos e deixados dentro do apartamento.