sexta-feira, 13 de outubro de 2017

A jovem que leva tecnologia para o professor

Ana Paula Manzalli, de 28 anos, quer impactar escolas públicas com plataforma que ensina matemática aos alunos



Gabriela Varella - Epoca


Ana Paula (Foto:  Julia Rodrigues/ÉPOCA)


A educação é uma arma poderosa para a transformação. Essa é a percepção de jovens como Ana Paula Manzalli, de 28 anos. Cientes da situação de desigualdade que a baixa qualidade da educação pública perpetua, esses jovens resolveram ser protagonistas na busca por mudanças nessa área. Eles não só idealizam o futuro, mas trabalham para levar educação de qualidade para as salas de aula. Ana Paula, por meio da tecnologia, projeta um futuro com acesso democrático a uma plataforma com tecnologia adaptada para a individualidade de cada aluno.

Seu primeiro contato com as salas de aula foi como professora voluntária de língua portuguesa para a comunidade carente. Naquele momento, Ana Paula conscientizou-se sobre um dos maiores problemas da educação básica no país: a precariedade da formação de professores. Nascida em São José do Rio Preto, foi para São Paulo com 18 anos, quando entrou no curso de jornalismo da Universidade de São Paulo. Com as aulas voluntárias de língua portuguesa, Ana Paula começou a apaixonar-se pela área da educação. Em pouco tempo, passou a trabalhar na Fundação Lemann, com uma iniciativa de tecnologia nas escolas.

Foi uma das responsáveis por levar a plataforma de aprendizagem de matemática Khan Academy para escolas públicas do país. O projeto fazia parte de uma iniciativa maior, chamada Inovação nas Escolas. No fim do ano passado, quando a instituição decidiu que esse programa já poderia andar sozinho e era hora de terceirizá-lo, Ana Paula se candidatou a assumi-lo. Hoje, além de continuar trabalhando diretamente com as escolas, também é empreendedora. Sua empresa, a Sincroniza Educação, ajuda escolas públicas a implantar tecnologia no projeto pedagógico e a formar professores – uma das maiores preocupações de Ana Paula. Com alguns cliques em um passo a passo na plataforma, a criança aprende a estudar determinada matéria – sem precisar acelerar o ritmo para acompanhar os outros alunos. Com essa ferramenta, o professor pode conhecer as dificuldades pessoais de cada um e indicar tarefas extras para melhorar o desempenho do aluno, de forma individualizada. 

Com menos de um ano de criação da empresa, cerca de 120 mil alunos já usaram a plataforma. A maior parte das escolas é marcada por contextos adversos. “Há escola que não dispensa as pessoas mais cedo porque tem tiroteio agendado. Em outras, crianças não têm merenda”, afirma. “Quero que os alunos aprendam a fazer coisas que permitam que eles sejam o que quiserem.” Neste ano, foi aprovada em um mestrado especializado em educação na Teachers College, da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, com bolsa da Fundação Estudar. Agora, ela quer aliar o conhecimento acadêmico com a prática e melhorar o que já faz: “A minha meta é impactar cada vez mais alunos”.