domingo, 15 de outubro de 2017

Empreendedorismo vira tema obrigatório nos novos cursos de MBA

O número de candidatos de MBA em todo o mundo que pretendem seguir a trilha do empreendedorismo chega a 25%, segundo pesquisa realizada no ano passado pelo GMAC (Graduate Management Admission Council), organização internacional responsável pelo teste de admissão exigido pelos cursos.
Em 2011, este número era apenas 5%.
"O empreendedorismo hoje no Brasil, felizmente, se dá cada vez mais por oportunidade do que por necessidade", diz o professor Geraldo Borin, coordenador do MBA em empreendedorismo e gestão da PUC-SP. No curso, o trabalho final é a elaboração de um plano de negócios para os empreendimentos propostos pelos alunos.
"Os alunos de hoje em dia têm a noção do risco do empreendedorismo. São pessoas que buscam algo diferente, mas sem tirar os pés do chão", diz Borin.
Formado em engenharia, Guilherme Lorenzetti, 31, adquiriu em fevereiro deste ano, com seu cunhado, um campo de futebol society em Lençóis Paulista, no interior de São Paulo.
"Não tinha ideia do que ia fazer, foi uma coisa meio impulsiva, de seguir um sonho. A empresa de repente caiu no meu colo. Quando fui me inteirar dos assuntos dela, vi que precisava de mais conhecimento técnico", afirma Lorenzetti.
Foi aí que o engenheiro procurou o curso coordenado por Borin. "Estudei de março a julho. São coisas que eu levaria cinco anos para aprender em uma faculdade", conta Lorenzetti.
NA PRÁTICA
Coordenador do MBA em gestão de negócios, inovação e empreendedorismo da FIA, Isak Kruglianksas destaca o caráter prático que os cursos do gênero vêm assumindo nos últimos anos.
O programa que ele coordena é atualmente uma evolução do Programa de Administração em Ciência e Tecnologia (Pacto), iniciado na FEA-USP na década de 1970 em uma parceria com pesquisadores americanos.
"Antigamente, a idade média dos alunos era 45 anos e quase todos eram bancados pelas empresas em que trabalhavam. Hoje, a média caiu para uns 32 anos, muitos alunos já estão envolvidos com seus próprios negócios e quase ninguém é patrocinado", afirma Kruglianksas.
O coordenador diz ainda que, nos últimos quatro anos, o interesse dos alunos voltou-se às start-ups. "Mudamos o formato do curso. Reduzimos a parte de gestão de conhecimento, mais voltada para o gerenciamento de pesquisa, e aumentamos os temas ligados ao empreendedorismo", conta Kruglianksas.
O engenheiro gaúcho Sandro Bertagnolli, 29, já é um veterano no mundo do empreendedorismo. Ele montou a Baristo, uma empresa que vende café e máquinas de café para grandes empresas, quando ainda estava na faculdade, há nove anos.
O engenheiro fez dois MBAs, um em gestão estratégica na FGV do Rio Grande do Sul e outro de empreendedorismo no Insper, em São Paulo. "Precisávamos nos adaptar ao mercado daqui. Fui fazer o curso para buscar técnicas mais atualizadas, aprender a fazer uma apresentação bacana da marca", diz.
Bertagnolli queria aproveitar ainda os contatos paulistas. "O networking que você faz com seus colegas e professores é fundamental. Sempre dá para arrancar um contato dali", afirma o empresário, que tem 30 funcionários e cerca de 1.500 clientes.
"A inovação é resultado de um processo. Ela começa na criatividade, mas envolve todo um processo de materialização para que possa ser bem sucedida", diz Kruglianksas.
"A ideia só é boa se ela é colocada em prática", resume Rodrigo Amantea, coordenador do curso do Insper. E não há nada de errado em pedir uma ajuda para fazê-lo.
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ONDE ESTUDAR
MBA EM GESTÃO DE NEGÓCIOS, INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO
Onde FIA
Duração 22 meses
Quanto R$ 33.000 à vista (24 parcelas de R$ 1.521)
CURSO DE EXTENSÃO EM EMPREENDEDORISMO E GESTÃO
Onde PUC
Duração 4 meses
Quanto R$ 1.921,20 (6 parcelas)
CURSO DE EDUCAÇÃO EXECUTIVA EMPREENDEDORISMO EM AÇÃO
Onde Insper
Duração 30 horas (4 dias)
Quanto R$ 3.900 (3 parcelas)