quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Operador André Gustavo Vieira da Silva afunda Bendine



Luiz Vassallo, Ricardo Brandt e Julia Affonso, O Estado de São Paulo

O publicitário André Gustavo Vieira da Silva admitiu, nesta quarta-feira, 22, em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, ter recebido repasses de R$ 3 milhões em propinas da Odebrecht e dividido o montante com o ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil Aldemir Bendine.
“Eu cheguei a falar com ele para fazer metade, metade, ele sugeriu 20%, e ele disse: ‘vai resolvendo que a gente conversa’. Não chegamos a determinar como ficar no final. A verdade é que eu recebi os 3 milhões, paguei um milhão de uma dívida minha e 950 mil a Aldemir Bendine e um milhão eu paguei de imposto”.
Aldemir Bendine foi preso no dia 27 de julho, alvo da Operação Cobra, 42ª fase da Operação Lava Jato, e foi denunciado por supostas propinas de R$ 3 milhões da Odebrecht. André Gustavo Vieira da Silva foi apontado como operador do repasse ao ex-presidente da Petrobras.
De acordo com os delatores da empreiteira, inicialmente, enquanto presidente do Banco do Brasil, o valor de R$ 17 milhões, correspondentes a 1% do valor de uma dívida que teria sido renegociada na Instituição financeira.
Inicialmente, Marcelo Odebrecht disse ter negado fazer os pagamentos. No entanto, após Bendine assumir a presidência da Petrobras, passou a fazer pagamentos que chegaram aos R$ 3 milhões. Os acertos teriam sido feitos com o intermédio de André Gustavo, que teria prestado consultorias fictícias para a empreiteira.
O publicitário, dono da Arcos Propaganda, disse que se reuniu com Bendine em sua casa, pelo menos 8 vezes e confirmou ter intermediado encontros entre os empreiteiros Marcelo Odebrecht e Fernando Reis e Aldemir Bendine.
Segundo o ex-presidente da Odebrecht, Bendine – já nomeado na Petrobrás – chegou a ser escalado pelo governo Dilma Rousseff para ser o interlocutor com a Odebrecht a respeito de assuntos relacionados aos impactos da Lava Jato sobre o mercado, e foi em uma reunião no apartamento de André Gustavo que teriam sido acertados os valores.
“Eu saí dessa reunião falando: ‘olha, não há duvida de que esse pedido existe’. Eu não acho que vamos precisar dar os 17 milhões mas vamos começar a pagar alguma coisa, administrando. Vai avaliando a capacidade de atingir a gente. Isso aconteceu. Três pagamentos de um milhão cada. Eu fui preso logo depois do primeiro pagamento. Se fosse uma consultoria técnica [prestada pelo operador de Bendine], legítima, não seria paga via equipe de Operações Estruturadas [departamento de propinas da empreiteira], ainda mais em um momento de tanto risco e exposição, e eu já preso!”, relatou Marcelo.
Segundo André Gustavo, durante a reunião, ele pediu ‘que Bendine fizesse uma referência de que o assunto da agroindustrial foi resolvido’. “essa é a interpretação clara de que você está cobrando a solução de um problema que foi dada”.
“Quando Marcelo chegou, eu compartilhei isso com Marcelo. Ele ficou calado. Fernando Reis ficou na dele. Fizemos a conversa lá em casa e terminou a conversa, eles foram embora, Bendine ficou, comeu um lanche comigo e foi embora”.
COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA ALBERTO ZACHARIAS TORON, QUE DEFENDE BENDINE
A reportagem está tentando contato com o advogado. O espaço está aberto para manifestação.