Nesta quinta-feira, o Supremo Tribunal Federal conclui o julgamento sobre a restrição à abrangência do foro privilegiado. Há chances reais de prevalecer a tese de que parlamentares e ministros só devem ser julgados na Suprema Corte por crimes cometidos durante e em razão do exercício dos mandatos e dos cargos públicos. Com isso, 90% dos processos envolvendo políticos desceriam para a primeira instância do Judiciário, onde são julgados os criminosos comuns.
A novidade, se confirmada, será recebida com festa. A extinção de um privilégio que transforma os políticos numa casta impune não é pouca coisa. Mas convém adiar a celebração. Trama-se no Supremo um movimento que pode anular os efeitos do fim do foro privilegiado. Os ministros cogitam alterar a jurisprudência que abriu as portas das cadeias para os condenados em primeira e segunda instância.
Nessa hipótese, aconteceria o seguinte: os larápios da Lava Jato desceriam do Éden do Supremo para o inferno das Varas comandadas por juízes como Sergio Moro, em Curitiba, e Marcelo Bretas, no Rio. Ali, receberiam condenações duras. Mas poderiam recorrer em liberdade, como antes. Os processos se arrastariam por anos a fio. Muitos virariam pizza no forno da prescrição. Por isso, convém adiar o fogos e manter a vigilância. Quem acreditar piamente nas boas intenções de todos os ministros do Supremo depois não vai poder piar. (Assista abaixo a um vídeo sobre os efeitos do foro privilegiado na Lava Jato. Foi exibido aqui no blog, em fevereiro de 2017)