sábado, 20 de janeiro de 2018

Certidão de óbito aponta que Óscar Pérez morreu com um tiro na cabeça


O militar rebelde venezuelano Oscar Perez morto em uma operação das forças de segurança - INAKI ZUGASTI / AFP


O Globo



CARACAS - O militar rebelde Oscar Pérez, morto na última semana em uma operação das forças de segurança venezuelanas, morreu com um disparo que recebeu na cabeça, de acordo com a certidão de óbito entregue para sua família. A informação pode indicar a possibilidade de uma execução, afirmou uma deputada opositora.


O documento oficial difundido pela imprensa local informa ainda que Oscar sofreu um "traumatismo cranioencefálico severo (...), ferida por arma de fogo disparado a cabeça".

As autoridades ainda não comentaram a causa da morte do rebelde e das outras seis pessoas, entre elas uma mulher, em uma megaoperação das forças de segurança da Venezuela na última segunda-feira em El Junquito, bairro à oeste da capital, onde o piloto estava escondido.

"Há um padrão que anuncia a possibilidade de uma execução", declarou neste sábado a presidente da comissão parlamentária que investiga o caso, a deputada opositora Delsa Solorzano, para a Associated Press. A deputada confirmou que as certidões de óbito de Pérez e de cinco dos seis acompanhantes do militar trazem como causa da morte "um disparo na cabeça".

A Anistia Internacional e outras organizações humanitárias condenaram as operações em que morreram Pérez e seus companheiros e denunciaram que as pessoas haviam morrido em uma "execução extrajudicial" apesar de terem anunciado sua rendição após serem descobertos pelas autoridades no local onde estavam escondidos, em Junquito.

CORPO TRANSFERIDO SEM AUTORIZAÇÃO

Segundo a AP, o corpo de Óscar Pérez foi levado para um cemitério ao leste de Caracas para ser enterrado sem autorização de sua família. Os corpos das outras pessoas que morreram na operação também foram transferidos. A tia de Pérez e uma congressista opositora afirmaram que não sabiam sobre a transferência horas após ser difundida a informação sobre o atestado de óbito.

Os familiares de Pérez e das outras pessoas que morreram haviam ido, pelo quarto dia consecutivo, ao necrotério para retirar os corpos mas não conseguiram. "Isso não é justo", disse Aminta Pérez, mãe do militar, ao exigir que as autoridades liberssaem o corpo do filho em uma mensagem nas redes sociais.