segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Idade mínima de aposentadoria já é consenso, diz presidente do Bradesco


Folha de São Paulo


A idade mínima de aposentadoria já é um consenso entre os brasileiros, e a reforma da Previdência vai acontecer neste governo ou no próximo.

Essa é a mensagem que o diretor-presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, levará aos investidores do Fórum Econômico Mundial, que começa na próxima terça (23), em Davos, na Suíça.

Antes de embarcar, ele conversou com a coluna.
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Folha - Qual a expectativa do senhor para este Fórum?
Luiz Trabuco - A globalização, seguramente irreversível, favorece, nesse momento, uma fragmentação das sociedades por meio de novas atitudes: os EUA se fecham em si mesmos, o Reino Unido sai da União Europeia. Provocou-se um grande volume de desemprego e um mundo sem trabalho formal. Precisamos encontrar um novo contrato social.

Mas e em relação ao Brasil, o que o senhor dirá aos investidores sobre o país?
A volta do crescimento no mundo faz com que possamos prever um ajuste gradual da política monetária do Brasil. Isso tem dado tempo para que a gente faça um ajuste fiscal, que é fundamental. O Brasil continua a ser um endereço importante para os investidores internacionais. A previsão de investimento estrangeiro direto neste ano é superior a
US$ 80 bilhões (R$ 256 bilhões), será mais que no ano passado. É evidente, no entanto, que o mundo cobra o equilíbrio fiscal, que é fundamental para que a inflação não volte e que não haja a insolvência do país.

Quanto ao crescimento, o senhor mantém a expectativa de 2,5% a 3%?
Modelos nossos apontam para 2,8%. A inflação está controlada, e não podemos subestimar a importância da política monetária para a volta do crescimento do Brasil. Só falta a volta do equilíbrio fiscal, e a reforma da Previdência está pautada. Em Davos sempre se falou sobre o envelhecimento, mas nós, quando tratamos da reforma da Previdência no Brasil, discutimos finanças públicas, desigualdade dos sistemas privado e público. Há uma dívida social no Brasil que é muito intensa, mas o resto do mundo já pensa nos ciclos demográficos. Essa discussão tem de ser ampliada no Brasil, e está sendo, pois está pautada desde fevereiro.

Qual o percentual de chance de ela passar?
Eu não sei responder, mas essa reforma é um tema para este governo e também será para o próximo.

O senhor acredita que ficará um grande peso para o próximo presidente, caso não se aprove neste?
Se não passarmos agora uma reforma que, por exemplo, estabeleça uma idade mínima, ficará mais pesado para o próximo governo. A Previdência sempre terá de ser alterada continuamente. Se não for possível a reforma necessária, temos de perseguir a possível. A sociedade já a discute, e ampliou-se a consciência de que ela é necessária. Quanto à idade mínima já existe consenso.

O senhor acha que já existe um consenso?
Creio que sim, que as pessoas entendem que nenhum sistema pode permanecer assim, que deve haver uma idade mínima, e não por tempo de contribuição.

O crédito para empresas será retomado neste ano?
Começou a subir o consumo das famílias, mas as empresas ainda têm capacidade ociosa para essa demanda. Com o baixo endividamento das empresas, o crédito deverá deslanchar.

A Bolsa no Brasil sobe muito porque há expectativa de que o Lula seja condenado ou os mercados estão positivos?
A Bolsa estava em um nível muito baixo e há um clima positivo, com EUA, Europa e Ásia em crescimento. Não é só especulação, vivemos em um mundo de juros baixos, e o Brasil tem oportunidades.

Por que com inflação tão controlada, o Banco Central não baixa o compulsório?
Os compulsórios são instrumentos de política monetária e o Banco Central vai ajustar.

O presidente Temer vai falar em Davos no mesmo dia do julgamento de Lula. Como o senhor acha que vai ser isso?
Sobre isso, conversamos em Davos.
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Otimismo... A confiança do empresário do comércio cresceu 15% em janeiro, na comparação com o mesmo mês de 2017, segundo a CNC, que faz um índice mensal.
...no comércio O indicador que teve maior variação foi a percepção dos varejistas quanto ao atual cenário econômico. Houve um aumento anual de 41,9%.
Incremento dos... Distribuidoras de medicamentos a farmácias tiveram um aumento de 9,2% no faturamento de janeiro a novembro de 2017.
...remédios A receita foi de R$ 4,8 bilhões. Foram 926,4 milhões de unidades vendidas, uma alta de 5,5%, segundo a Abradilan (do setor).
Micros... O número de MEIs (microempreendedores individuais) no fim de 2017 foi de 7,7 milhões.
..aos milhões É uma alta de 16%, comparável à de 2016, quando havia sido 17% de crescimento.
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com FELIPE GUTIERREZIGOR UTSUMI e IVAN MARTÍNEZ-VARGAS