quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Juiz que dirigiu Porsche de Eike é condenado a 52 anos de prisão. A propósito, quando Lula será preso?

'Poucas vezes se teve notícia de agente

 da magistratura que tenha conseguido

 achincalhar e ridicularizar de forma 

tão grave um dos poderes do Estado', 

afirmou o juiz Gustavo Mazzocchi 

na sentença


Fábio Grellet, O Estado de S.Paulo

Três anos após ser flagrado dirigindo o Porsche que pertencia ao empresário Eike Batista e havia sido apreendido pela Justiça, o juiz federal Flávio Roberto de Souza foi condenado a 52 anos e dois meses de prisão por peculato e lavagem de dinheiro, em dois processos que tramitaram na Justiça Federal no Rio de Janeiro.
Juiz Flávio Roberto de Souza
Juiz foi flagrado dirigindo carro de luxo apreendido durante julgamento
de Eike Batista. Foto: Rafael Moura/Extra
As decisões foram emitidas nas últimas sexta, 16, e segunda-feira, 19, pelo juiz Gustavo Pontes Mazzocchi, da 2ª Vara Federal Criminal da capital fluminense. Além da prisão, a sentença determina a perda do cargo de magistrado e o pagamento de multa de R$ 599 mil.
"Consequências gravíssimas, não apenas pelo desaparecimento de autos processuais — que acabaram por ser parcialmente restaurados —, mas pela desmoralização absoluta do Poder Judiciário como um todo e, especialmente, da Justiça Federal e da magistratura, decorrência dos atos criminosos perpetrados por aquele que deveria aplicar a lei. Poucas vezes se teve notícia de agente da magistratura que tenha conseguido achincalhar e ridicularizar de forma tão grave um dos poderes do Estado", afirmou o juiz em sua sentença condenatória.
Segundo Mazzocchi, enquanto era juiz da 3ª Vara Federal Criminal, o réu desviou R$ 106 mil obtidos com a venda do carro do traficante espanhol Oliver Ortiz, preso em uma operação da Polícia Federal. Por essa conduta Souza foi condenado por peculato.
Juiz Flávio Roberto de Souza
Antes do flagra, juiz deu entrevista sobre o caso de Eike Batista na casa onde morava, na Barra da Tijuca. Foto: Marcos de Paula/Estadão
O outro processo tratou do desvio de R$ 290,5 mil que teriam sido desviados de uma conta da Justiça Federal por Souza para a compra de um Land Rover Discovery. O Ministério Público Federal (MPF) acusou ainda o então titular da 3ª Vara Federal Criminal de se apropriar de US$ 105,6 mil e 108,1 mil euros, convertidos em reais e usados para a aquisição de um apartamento na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio). Para tentar esconder a manobra, segundo o MPF, Souza criou decisões falsas, destruiu provas e partes do processo. Ele foi condenado por lavagem de dinheiro.
Até a noite desta terça-feira (20), a reportagem não havia conseguido contato com os advogados de Souza.