quinta-feira, 15 de março de 2018

Ilan confirma que BC vai reduzir depósitos compulsórios


O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, durante evento em São Paulo - Nacho Doce/Reuters/01-03-2018


Gabriela Valente, O Globo


O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, confirmou que deve fazer um movimento que contribuirá para a queda do custo dos empréstimos no Brasil: reduzir o chamado depósito compulsório, uma parcela do dinheiro que o cliente deposita e os bancos são obrigados a deixar parada nos cofres do BC. Em outubro, O GLOBO antecipou que a autarquia estudava cortes nessa obrigação.


Em entrevista ao canal MyNews no Youtube, ele foi questionado sobre os motivos de as instituições financeiras cobrarem um juro muito alto dos clientes no momento em que o BC colocou a taxa de juros no menor patamar da História. O alto nível dos depósitos compulsórios no país é uma crítica recorrente dos bancos e um dos motivos apresentados por eles para estipular juros bancários tão caros.

— Compulsório a gente vai tentar resolver. A gente já começou a reduzir no ano passado. Vai ter um esforço. Nós vamos acabar com essa desculpa ao longo do tempo. Não vamos fazer isso de forma afoita. É um processo — falou o presidente do BC.

Ilan falou que a queda das taxas para os clientes não ocorre imediatamente. Explicou que o país passou por um período de recessão, onde aumentam a inadimplência e incerteza e que isso dificultou o repasse da queda da taxa básica da economia (Selic) para os brasileiros. No entanto, ressaltou que o BC tem uma agenda para mudar a situação. E que atacará as causas dos problemas.

— Nós estamos no caminho certo que é de atacar as causas não de uma forma voluntariosa ou na marra. Se a gente atacar através de todas essas medidas, os compulsórios, os impostos, o custo regulatório, a falta de garantias e insistir na concorrência, a gente chega lá.

Nesta quinta-feira, O GLOBO mostrou que o BC espera que _ com todas essas medidas_ os bancos diminuam em 15% o chamado spread bancário, a diferença entre o que custa o dinheiro para as instituições financeiras e por quanto elas repassam para o cliente. Assim, o Índice de Custo do Crédito (ICC, que mede o custo das operações de crédito ativas) cairia dos atuais 21,5% ao ano para 19,4% ao ano, em média, para todos os tomadores de crédito, sejam empresas ou famílias.

Na entrevista ao MyNews, Ilan também deu conselhos para o brasileiro ajudar a derrubar os juros. Recomendou barganhar sempre. E até trocar de banco se for preciso.

— Muitas vezes, as pessoas tem uma conta num banco e fica com preguiça. Você pode ir para outro banco. É o que a gente chama de portabilidade. Barganhar entre os bancos, levar a conta para outros bancos se não está satisfeito.