quinta-feira, 15 de março de 2018

Não há no Poder Judiciário ninguém mais honesto do que eu, afirma Lula, ladrão número 1 da Lava Jato. É o Brasil




O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Paulo Whitaker / Reuters / 23-8-17


Luiz Fernando Lima, O Globo




SALVADOR — O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na manhã desta quinta-feira, que “não há no Poder Judiciário ninguém mais honesto do que eu”. O discurso durante o Encontro Internacional Parlamentar realizado na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (Alba), teve como diretriz a convocação da classe política para se levantar contra o que o ex-presidente considera ser os desmandos de setores da Justiça.


— Com que direito um menino que acabou de sair de faculdade de direito, que o pai bancou cursinho por três anos para passar em um concurso vai me colocar como suspeito? É por isso que não dou o direito. Estou me insurgindo contra isso. Muitas vezes a classe política tem medo, se acovarda. Quando um procurador vai para televisão dizer que queria invadir cada gabinete, a classe política deveria chamá-lo para explicar o que ele quer dizer com isso.


O discurso do ex-presidente durou pouco mais de uma hora, e Lula voltou a afirmar que não cometeu crime nenhum e que as acusações pelas quais foi condenado não encontram respaldo na legalidade, além de o processo não ser democrático.

— Não estou acima da lei, não quero estar acima da lei, mas tenho orgulho daquilo que fizemos para combater os crimes neste país. Tudo que fizemos foi com o pensamento de que quanto mais forte a instituição é, mais responsável são os membros dela. Mas as pessoas que estão utilizando disso para outros fins. Não sei quantos processo enfrentarei este ano porque eles não estão julgando o Lula estão julgando um modelo de gestão.

Em recado a setores da classe política que utilizaria da relação com o Judiciário para favorecimento pessoal, Lula declarou que foi o presidente que mais indicou ministros para o Supremo Tribunal e Superior Tribunal.

— Mas não quero favor de ninguém. Nunca liguei e vou morrer sem pedir. Não é esse o papel. Não indiquei ninguém para me favorecer, mas sim para cumprir a Constituição e o que está escrito lá.

O ex-presidente voltou a criticar a apresentação do procurador do Ministério Publico Deltan Dallagnol sugerindo que os mais de dois milhões de filiados ao PT deveriam ter entrado com ações contra o procurador.

— Dizendo isso não estou afrontando a Justiça, estou defendendo meu caráter, minha honra. Reivindico que eles (ministros do STF) leiam o processo. Se apresentarem uma vírgula de crime, que eu seja condenado. Agora, se eu não cometi nenhum crime, esses meninos que pensam ser os donos da verdade deveriam ser exonerados.

Com o tom apaziguador dentro da política, Lula ressaltou ainda a necessidade de unificar o discurso sob pena de o Poder Executivo ficar subordinado ao Judiciário.

— O governo, daqui a pouco, terá que pedir licença ao Ministério Público para indicar alguém. Se a gente não tiver orgulho do que a gente faz. Se não andar de cabeça erguida, qualquer um destrói a classe política brasileira.

Ao final do discurso o ex-presidente desafiou: mexeram com gosta de brigar. Eu acho que é uma oportunidade que temos para colocar as coisas no devido lugar. A classe politica tem que se fazer respeitar. O Judiciário tem que cumprir ipsi literis a Constituição. A Suprema Corte é garantidora desta regra. Se não for, todos nós estaremos perdidos neste País.