sexta-feira, 16 de março de 2018

'Não há razão para federalização', diz promotor que investiga o assassinato da vereadora do Psol, puxadinho do covil do Lula


O promotor Homero Freitas, que acompanhará as investigações da morte de Marielle e Anderson - Marcelo Piu / Agência O Globo


Chico Otávio, O Globo



O promotor Homero Freitas, titular da 23ª Promotoria de Investigação Penal, que está acompanhando o inquérito da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, afirmou ao GLOBO que “não existe qualquer razão para a federalização" das investigações. Nesta quinta-feira, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, determinou a instauração de um procedimento para estudar a federalização do caso.


— A Procuradoria-Geral da República não suscitou um conflito, apenas disse que poderia e queria ajudar, não existe qualquer razão para a federalização. A Divisão de Homicídios (DH) e o Ministério Público têm totais condições de resolver, como sempre fizeram — ressaltou o promotor.

Freitas é considerado um dos mais experientes promotores em investigação penal no Ministério Público Estadual. Ele ressaltou ainda que os próximos passos da investigação são a "análise das câmeras (de segurança) do local e do percurso, além da análise criteriosa das informações que chegam". O depoimento de mais de cinco horas da única sobrevivente do assassinato, a assessora parlamentar de Marielle, que estava no carro, também será "importantíssimo" para elucidar a morte da vereadora, segundo Freitas.

— Nada pode ser descartado — destaca o promotor. — Acho que o momento é de se trabalhar para rápida elucidação dos fatos e punição severa dos autores, sem disputas movidas pela vaidade.

Perguntado sobre o possível envolvimento de milicianos com o crime, o promotor disse que nenhuma possibilidade pode ser descartada, por enquanto:

— Todas as possibilidades estão sendo avaliadas, mas qualquer afirmação, neste momento, é no mínimo precipitada.

A vereadora foi assassinada a tiros na noite de quarta-feira (14) após deixar o evento "Jovens Negras Movendo as Estruturas", na Rua dos Inválidos, na Lapa. O crime aconteceu por volta das 21h30m na Rua João Paulo I, no Estácio, próximo à prefeitura do Rio. O motorista que estava com ela, Anderson Pedro Gomes, também foi morto na ação. 

Eles estavam acompanhados da assessora da vereadora, que foi atingida por estilhaços. A morte de Marielle causou comoção e gerou manifestações por todo o país e no mundo.