quinta-feira, 15 de março de 2018

Petrobras tem quarto ano seguido de prejuízo e fecha 2017 com perda de R$ 446 milhões - Acordo com investidores nos EUA pesou. Sem ele, lucro de R$ 7 bilhões




Prédio da Petrobras no centro do Rio, Avenida Chile. Foto Domingos Peixoto / Agência o Globo


Ramona Ordoñez, O Globo


A Petrobras registrou em 2017 seu quarto ano seguido de prejuízo, com perda de R$ 446 milhões. O principal impacto foi o acordo fechado com investidores nos Estados Unidos no valor de US$ 2,9 bilhões, que representou R$ 11,198 bilhões no balanço da companhia, mas também houve influência da adesão a programas de regularização de débitos federais, que somaram R$ 10,433 bilhões.

A Petrobras informou que, sem o acerto com os investidores americanos, o resultado teria sido um lucro de R$ 7,089 bilhões. Analistas de mercado já esperavam que o resultado da Petrobras no quarto trimestre de 2017 registrasse prejuízo por causa do registro do acordo com os investidores nos EUA no balanço do quarto trimestre. Considerando apenas os meses de outubro, novembro e dezembro, a companhia teve prejuízo de R$ 5,4 bilhões.

Em 2014, a companhia acumulou prejuízo de R$ 21,5 bilhões. Em 2015, a perda subiu para R$ 34,8 bilhões e, em 2016, chegou a R$ 14,2 bilhões. Ao anunciar o resultado, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, disse estar satisfeito com o desempenho da empresa e anunciou vai propor mudança no estatuto da companhia para permitir pagamentos trimestrais dos dividendos da companhia.

AUMENTO DE LUCRO OPERACIONAL

Em seu balanço, a empresa apontou que houve crescimento no lucro operacional, ou seja, aquele que considera as operações propriamente ditas da empresa. O ganho operacional dobrou de R$ 17,111 bilhões em 2016 para R$ 35,624 em 2017. Entre os fatores apontados pela Petrobras estão maiores exportações líquidas de petróleo, a preços mais elevados, menores gastos com pessoal e menores gastos com baixas de poços secos e ociosidade de equipamentos, entre outros.

O endividamento líquido da empresa atingiu R$ 280,752 bilhões ou US$ 84,871 bilhões.

O diretor Financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, destacou os bons resultados operacionais da Petrobras no ano passado, assim como a melhoria da questão financeira com redução de seus custos no pagamento de juros, com o alongamento dos prazos.

Segundo o diretor, dois fatores foram os principais impactos no resultado negativo registrado pela companhia no ano passado: o pagamento de US$ 2,9 para o acordo em relação à ação coletiva nos Estados Unidos (Class Action), que representou um impacto de R$ 11,2 bilhões no resultado da companhia e os acordos da Petrobras para a regularização de tributos federais que impactaram no resultado em R$ 10,4 bilhões.

METAS DE PRODUÇÃO ATINGIDAS NOS ÚLTIMOS TRÊS ANOS

A diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Solange Guedes, destacou a importância da previsibilidade nos resultados que a companhia vem apresentando nos últimos anos, com o atingimento das metas de produção de petróleo e gás nos últimos três anos.

A diretora destacou o recorde de aproveitamento do gás natural de 96,6% no ano passado.

Os gastos operacionais obtiveram uma redução de 6% no ano passado. O custo da extração de petróleo ficou em US$ 10 por barril.

- Estamos muito satisfeitos com os resultados principalmente na área do pré-sal. Este ano vamos iniciar a produção na área da Cessão Onerosa, cujo contrato foi feito em 2010 - destacou a diretora.

A produção na área da Cessão Onerosa será no campo de Búzios. A diretora destacou que estão avançadas as obras para a instalação jeste ano de oito sistemas de produção.

Mas a diretora destacou que em breve a Petrobras vai iniciar a contratação de cinco novos sistemas de produção. Outro projeto destacado pela diretoria é a revitalização do campo gigante de Marlim na Bacia de Campos.

O diretor de Refino e Gás da Petrobras, Jorge Celestino, informou que as vendas de combustíveis pela companhia tiveram uma queda de 9%. Segundo o diretor, no entanto, a empresa está recuperando mercado neste início de ano mostrando que a estatal está correta em sua política de preços com variações para cima ou para baixo diárias.

Mas no óleo diesel a Petrobras acabou perdendo mercado para as importações, caindo sua participação de 83% para 74%. Essa redução se deveu ao aumento das importações de diesel que passaram de 720 mil metros cúbicos por mês no início do ano passado para 1,560 mil metros cúbicos no final do ano. No caso da gasolina o mercado se manteve estável segundo o diretor.