sexta-feira, 16 de março de 2018

Policial militar de folga é assassinado no Rio; é o 26º caso neste ano. Cadê os vigaristas 'defensores dos direitos humanos'?

Com Folha de São Paulo

Um policial militar foi morto na madrugada desta sexta-feira (26) em Paciência, na zona oeste do Rio. O soldado Jean Felipe de Abreu Carvalho era lotado na UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Vila Kennedy, mas foi morto enquanto estava de folga, após reagir a um assalto no bairro vizinho. 
Ele é o 26º PM morto no estado do Rio neste ano. O soldado foi abordado por um assaltante, reagiu e matou o criminoso. No entanto, comparsas do homem davam cobertura ao assalto à distância. Eles balearam o policial e levaram sua arma. 
O PM morreu dois dias depois do assassinato da vereadora Marielle Franco e no mesmo dia em que a intervenção federal na segurança pública do Rio completa um mês. A Delegacia de Homicídios instaurou um inquérito para apurar o caso. Carvalho estava na PM havia quatro anos e deixa a esposa.
O Rio de Janeiro passa por uma grave crise política e econômica, com reflexos diretos na segurança pública. Desde junho de 2016, o estado está em situação de calamidade pública e conta com o auxílio das Forças Armadas desde setembro do ano passado.
Não há recursos para pagar servidores e para contratar PMs aprovados em concurso. Policiais trabalham com armamento obsoleto e sem combustível para o carro das corporações. Faltam equipamentos como coletes e munição.

A falta de estrutura atinge em cheio o moral da tropa policial e torna os agentes vítimas da criminalidade. Somente neste ano, 26 PMs foram assassinados no estado —foram 134 em 2017.
Policiais, porém, também estão matando mais. Após uma queda de 2007 a 2013, o número de homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial está de volta a patamares anteriores à gestão de José Mariano Beltrame na Secretaria de Segurança (2007-2016). Em 2017, 1.124 pessoas foram mortas pela polícia.
Em meio à crise, a política de Unidades de Polícia Pacificadora ruiu —estudo da PM cita 13 confrontos em áreas com UPP em 2011, contra 1.555 em 2016. Nesse vácuo, o número de confrontos entre grupos criminosos aumentou.
Com a escalada nos índices de violência, o presidente Michel Temer (MDB) decretou a intervenção federal na segurança pública do estado, medida que conta com o apoio do governador Luiz Fernando Pezão, também do MDB.
Temer nomeou como interventor o general do Exército Walter Braga Netto. Ele, na prática, é o chefe das forças de segurança do estado, como se acumulasse a Secretaria da Segurança Pública e a de Administração Penitenciária, com PM, Civil, bombeiros e agentes carcerários sob o seu comando. Braga Netto trabalha agora em um plano de ação.
Apesar da escalada de violência no Rio, que atingiu uma taxa de mortes violentas de 40 por 100 mil habitantes no ano passado, há outros estados com patamares ainda piores.
No Atlas da Violência 2017, com dados até 2015, Rio tinha taxa de 30,6 homicídios para cada 100 mil habitantes, contra 58,1 de Sergipe, 52,3 de Alagoas e 46,7 do Ceará, por exemplo