domingo, 22 de abril de 2018

Boca de urna ratifica provável vitória de conservador Mario Benítez no Paraguai


Mulher participa das eleições nacionais do Paraguai nos arredores de Assunção - ANDRES STAPFF / REUTERS


Janaína Figueiredo, O globo


BUENOS AIRES - Resultados de boca de urna divulgados por meios de comunicação do Paraguai confirmaram o que se esperava na eleição presidencial realizada neste domingo no país: a provável vitória do candidato do Partido Colorado, atualmente no poder, Mario Abdo Benítez, mais conhecido como Marito. Segundo as primeiras pesquisas publicadas uma hora antes de encerrada a votação (as 16h de Brasília), Marito estava 14 pontos percentuais acima de seu principal adversário, Efraín Alegre, do Partido Liberal.

Se esse for, de fato, o cenário, o Paraguai terá um novo chefe de Estado do Partido Colorado, força política que, salvo durante o governo de Fernando Lugo (2008-2012), está à frente do Executivo desde redemocratização do país, em 1989. A hegemonia colorada vem de antes, já que o ex-ditador Alfredo Stroessner (1954-1989), amigo pessoal da família Abdo (o pai de Marito foi secretário privado do ex-presidente militar), também pertencia ao partido.

Com a quase certa vitória do candidato colorado, o país caminha para a consolidação de um modelo profundamente conservador em matéria política e de abertura e ortodoxia em termos econômicos.

- Estou feliz… Vamos entregar um país bem diferente do que recebemos, mas ainda falta muito para ser feito - declarou o presidente Horacio Cartes, após votar.

O ainda presidente do Paraguai deverá ser eleito senador, assim como Lugo, um ex-padre que foi destituído em 2012 num polêmico processo de impeachment, desencadeado após a revelação de una paternidade não reconhecida.

Neste domingo, Lugo fez uma crítica ao sistema político de seu país:

- Existem duas classes de políticos no Paraguai: os que vivem da política e fazem negócios e os que vêm para a política. Acho que a cidadania irá deixando de lado os que fazem negócios.

A chegada de Marito ao poder é vista com preocupação por setores de centro-esquerda, que temem um retrocesso no país. O candidato colorado propõe uma reforma da Constituição e chegou a falar até mesmo em reativar o serviço militar obrigatório.

Neste domingo, o país realizou, também, um simulacro de voto infantil, para saber o que elegeriam as crianças. Os resultados ainda não foram divulgados.